14-18 no Front de Vosges

Inspiração

Maciço dos VosgesTurismo de memória

Pierre Violet - AdobeStock
© Pierre Violet - AdobeStock

Tempo de leitura: 0 minPublicado em 12 dezembro 2012

A Grande Guerra teve um impacto duradouro onde os combates foram mais violentos. O nordeste da França foi particularmente afetado com uma linha de frente que se estende desde o mar do Norte até a fronteira suíça.

O ‘Nord-Pas-de-Calais’, a Picardia junto com seus departamentos da Somme e de Aisne, assim como Champagne-Ardenne, Lorraine e seus departamentos da Meuse e da Alsácia pagaram um preço pesado.

Durante as comemorações do centenário da Grande Guerra, essas destinações históricas se mobilizam para acolher os visitantes do mundo inteiro.

O Front de Vosges forma uma zona montanhosa entre o Donon no Norte e o ‘Grand Ballon’ no Sul. A antiga fronteira do Reich e da França de 1871 a 1918, hoje em dia situada na Alsácia e na Lorena, é o único setor do front ocidental da Grande Guerra relacionado aos combates na montanha. Com infraestrutura e tecnologias de transporte assim como impactos paisagísticos e questões políticas e estratégicas relacionadas ao clima e às restrições geográficas, o ‘Massif des Vosges’ conta com numerosos campos de batalha que lhe dá uma real dimensão de ‘museu a céu aberto’.

Um lugar único da guerra de montanhas

Alsácia e parte da Lorena foram anexadas pelo Império Alemão no Tratado de Frankfurt em maio de 1871. As províncias assim “perdidas” alimentaram uma rica literatura patriótica e nacionalista e foram um dos objetivos secundários da Primeira Guerra mundial.

Desde de 4 de agosto de 1914, o exército francês recebe ordem de avançar na Alsácia para dominar os vales e as principais cidades. Mulhouse é ocupada dia 8 de agosto, evacuada no dia seguinte e retomada dia 17 para ser definitivamente abandonada dia 25. Munster é dominada pelas tropas francesas dia 17 de agosto e evacuada dia 3 de setembro.

Depois da guerra de movimento, o front se estabiliza durantes os meses de outubro e novembro 1914. Os vales de ‘Saint-Amarin’ e ‘Masevaux’ continuam sob o domínio francês. Nos Vosges da Lorena, as linhas se fixam na fronteira (Violu) em um observatório natural (la Fontenelle, la Tête des Faux) ou em uma posição estratégica (la Chapelotte, La Roche Mère Henry).

Depois da fixação do front em setembro 1914, alemães e franceses se encontram cara a cara. É na colina da Fontenelle, antiga creche do pré-guerra, que se fixa o front a partir de 12 de setembro de 1914. Uma guerra de minas começa a partir de julho 1915 enquanto que na superfície uma série de invasões se sucede aos ataques de massa.

Locais de memória incontornáveis

O Massif des Vosges , cuja linha de frente começa na fronteira suíça, perto do Quilômetro Zero, é dominado por um afloramento rochoso impressionante sob a planície do sul da Alsácia, o Hartmannswillerkopf , um dos quatro monumentos nacionais da Grande Guerra . Franceses e alemães competem duramente esse posto de observação. Somente em 1915 o posto muda de lado 4 vezes. Os combates continuam durante toda a guerra nesse campo de batalha devastado por bombas, gás e lança-chamas. Sua conquista deve assegurar o sucesso de uma ofensiva francesa na região de Mulhouse. O numero exato de mortos nunca será conhecido, mas ao menos 30 000 soldados morreram. Um memorial composto de uma cripta com ossadas de 12 000 soldados desconhecidos lhe faz homenagem.

Altar da Pátria em Hartmannswillerkopf

Um ‘abrigo-memória foi construído na cidade mais antiga de Uffholtz, construída em 1581. Sua visita pode constituir uma preciosa etapa antes da exploração da montanha ‘devoradora de homens’ que representa o mais imponente dos lugares históricos do ‘Massif des Vosges’.

O museu Serret inaugurado em 1973 em Saint-Amarin ocupa um antigo tribunal que funcionou durante a Grande Guerra como hospital móvel da Alsácia. Ele regrupa hoje toda uma documentação sobre os combates e as condições de vida dos soldados. Seguindo a antiga linha do front em direção a ‘Valée Noble’ se encontra a maior necrópole militar romena, o cemitério militar romeno de Soultzmatt, inaugurado em 1924 pelo rei Ferdinand e pela rainha Marie de Roumanie.

Entre 20 de julho e 15 de outubro 1915, um confronto particularmente sangrento ocorreu no campo de batalha de ‘Linge’ (17000 mortos), seguido de uma guerra de posição até 11 de novembro de 1918. Esse campo de batalha, classificado como patrimônio histórico, apresenta um aspecto impressionante: a infraestrutura muito bem conservada do sólido sistema de defesa alemã e os vestígios das trincheiras francesas são as memórias da guerra de trincheiras. O museu memorial do ‘Linge’ mostra objetos franceses e alemães achados no local: armas, munições, objetos pessoais e relíquias.

A fim de proporcionar atendimento de emergência mais próximo ao front, o exército francês decide implantar em julho 1915, uma ambulância alpina na cidade de Mittlach. Esse hospital, hoje um museu, relembras as batalhas menos conhecidas em torno de Metzeral em junho 1915 assim como a memória do general Serret e do coronel Boussat.

Em 1914 os alemães ocupam o topo do ‘Tête des Faux’ culminando a 1220 metros. A batalha do Natal em 1914 realizada em condições extremas de inverno põe 600 homens fora de combate em uma só noite. Mas, os alemães constroem impressionantes fortificações congelando assim a situação até o Armistício.

Seguindo o caminho da antiga linha de trincheiras, o Col de Sainte-Marie-aux-Mines é um posto fronteiriço entre a França e a Alemanha, dominado pela Alemanha desde 1914. Os picos ao redor, o Bernhardstein, a ‘Tête Du Violu e a ‘côte 607’ tornam-se palco de uma guerra secreta.

O museu de ‘Saint-Dié-des-Vosges conserva peças excepcionais relacionadas à história militar de 14-18. Dez vitrines mostram vestimentas, armas, munições e documentos provenientes da batalha da ‘Meurthe e dos combates de ‘La Chipotte’. A história dos dois ‘As’ da aviação, Fonck e Guynemer, é igualmente mostrada através de uma coleção única.

No vale do ‘Hure’, as alturas da ‘Fontenelle formam um entrave de uma guerra de posições que logo se transforma em uma guerra de minas. Um monumento é inaugurado em 1925 perto da necrópole onde descansam 2348 franceses.

De 28 de agosto a 9 de setembro 1914, o setor da ‘Chipotte’ é o local do combate corpo a corpo. Passado 5 vezes nas mãos de franceses e alemães, ele vê 4000 soldados caírem e é nomeado pelos Poilus’: “o buraco do inferno”. Essa vitória francesa, associada aquela da ‘Marne’, verá o fracasso do plano de invasão alemão e a guerra de movimento se transforma em guerra de posição. A necrópole da ‘Chipotte’ relembra o sacrifício heroico dos combatentes franceses.

Desde o mês de setembro 1914, os alemães se fixam perto de ‘Moyenmoutier’ no vale de ‘Senones’, antiga capital do principado de ‘Salm’. O promontório da ‘Roche Mère Henry, grudado no penhasco,vira alvo de ataques franceses até janeiro de 1915.

No extremo norte da força militar entre os picos do ‘Donon’ e ‘Raon-l’Etape’, a ‘Chapelotte’ é o último lugar testemunha da guerra de minas nos ‘Vosges’. Em 14-18, algumas posições atingem 120 metros de profundidade.

Os alemães levam neste maciço de arenito muito friável, trabalhos surpreendentes de fortificação como o ‘Centre d’interpretation et Documentation’ 1914-1918 de Pierre-Percée onde ele relata a história.

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