Entrevista do Sr. Henri Carvallo, proprietário do Castelo e dos jardins de Villandry
Porque se dá ao Vale do Loire o nome de "jardim da França"? Foi o escritor François Rabelais quem assim o qualificou. Graças ao seu clima ameno muito agradável e a suas boas terras com o Loire e seus afluentes, o Vale do Loire é muito propício ao desenvolvimento de jardins. Foi também o local de residência dos reis da França durante 100 anos. As guerras da Itália, no final do século XV e início do século XVI, trouxeram artistas e jardineiros italianos, designadamente o muito conhecido Dom Pacello de Mercogliano, que iniciou aqui os jardins do Renascimento no Vale do Loire.
Jardins à francesa, Renascimento à inglesa… quais são as diferenças entre todos esses jardins? O jardim "à inglesa" (século XIX) desenha um parque com gramados e grandes árvores, onde a natureza é muito livre. O jardim à francesa (séculos XVI-XVII), formal e estruturado, vem prolongar a arquitetura do castelo. Os vegetais, como o buxo, são esculpidos (arte topiária). Entre os jardins à francesa, podem se distinguir vários períodos. Existem jardins renascentistas, como aqui em Villandry, ainda sob a influência da Idade Média com terraços, organizados em claustros, que se enrolam ao redor do castelo. E depois existem jardins à francesa do século XVII, com Versalhes e o célebre jardineiro Lenôtre, organizados segundo um grande eixo perpendicular ao castelo.
Pode nos falar desses famosos terraços? São níveis diferentes de jardins. Aqui existem três principais. A horta decorativa, no nível mais baixo, se estende por um hectare. Podemos encontrar aí muitos legumes. No segundo nível, o jardim ornamental, composto por dois salões: jardim do amor e jardim da música. Por último, o terceiro: a piscina. Recentemente, criamos um quarto nível: o jardim do sol. Ou seja, no total, 7 hectares de jardim. Temos também uma estufa troglodítica (na rocha), onde as laranjeiras passam o inverno.
Quantos jardineiros se ocupam desses jardins? São dez a trabalhar diariamente, mesmo no inverno! Aliás, essa é uma das características do jardim à francesa: a estrutura é controlada pelo ser humano, ela exige muita manutenção. Designadamente o tamanho: 30 km de buxo, 10 km de túneis verdes, 1000 tílias… O corte das ervas se faz manualmente e nossos tratamentos são biológicos. E, como temos muitos visitantes, os grandes corredores são suficientemente pisados para que não existam ervas daninhas!
Abóboras, tomates… o que acontece aos legumes da horta? São coletados e consumidos! São muito bons. Os funcionários e os jardineiros beneficiam deles durante o ano e nós os oferecemos aos visitantes. Além disso, no último fim-de-semana de setembro, organizamos "os dias da horta". Todo o mundo pode levar legumes.
Por Aurélie Michel
Jornalista para a web e imprensa de revista nas áreas de turismo, esporte e culinária. Apaixonado por fotografia e surf.