Cuidadosamente preparada na Ilha de Reunião, a baunilha Bourbon é considerada a melhor de todas. As suas vagens castanhas e finas, apreciadas pelos melhores chefes, emanam um aroma extremamente suave.
Conheça a sua história e preparação.
Um nome que cheira a Reunião
Foi no início do século XIX que a orquídea mexicana vanilla planifolia foi introduzida na Ilha de Reunião. Utilizada pelos Astecas para perfumar a sua bebida de cacau, foi exportada pelos conquistadores espanhóis para a Europa que ficou, por sua vez, rendida ao seu delicado aroma. Os franceses decidiram, então, cultivá-la na Reunião, outrora chamada Ilha Bourbon. Como referência a esta origem, a baunilha produzida no oceano Índico denomina-se baunilha Bourbon desde 1964.
Um poco sobre a Reunião...
Situada no oceano Índico, a Reunião oferece o exílio de uma ilha tropical francesa e todas as facilidades de acesso de um território europeu. A 800 km a leste de Madagascar, a ilha de Reunião constitui com as ilhas Maurício e Rodrigues, o arquipélago das Mascarenhas.
Ela é uma montanha situada no oceano Índico, à imagem do Pico das Neves, que culmina a 3069 m. Vulcão sempre em atividade, o famoso Pico da Fornalha desperta de tempos em tempos, oferecendo então um espetáculo grandioso e permitindo admirar, sem perigo, suas torrentes de lava.
Quando um escravo descobre o segredo da criação
Durante cerca de vinte anos, as lianas de baunilha cultivadas na Reunião mantiveram-se inférteis, pois faltava o inseto ou ave capaz de polinizar as suas flores. Em 1841, Edmond Albius, um escravo aspirante a botânico, descobriu o segredo da fecundação manual, ao levantar com um bico a separação que dividia os órgãos masculino e feminino da flor. O futuro da baunilha Bourbon estava, assim, garantido…
A costa este, berço das plantações
140 produtores essencialmente instalados na costa este da ilha, entre as localidades de Sainte-Suzanne e Saint-Joseph, cultivam cerca de 190 hectares de baunilha Bourbon dentro das florestas ou em instalações sombrias. São produzidas apenas 6 toneladas destas vagens de alta gama. Depois são vendidas aos gourmets da ilha ou viajam até ao continente, para as prateleiras dos supermercados.
Técnicas de fabrico ancestrais
São necessários dois anos para passar da flor para a preciosa vagem castanha! Inspirados nas técnicas mexicanas, os reunionenses Ernest Loupy e David de Floris desenvolveram o processo de fabrico no século XIX. Começavam por escaldar as vagens verdes em água a 65 °C e depois colocavam-nas em estufa, onde adquiriam a sua bela cor preta.
Um lugar ao sol
A secagem natural ao sol todos os dias durante 2 a 3 semanas, depois em tabuleiros à sombra, é determinante para a qualidade das vagens da baunilha Bourbon. Para desenvolver o seu aroma, são, em seguida, armazenadas durante 2 a 3 meses numa mala de madeira com o interior revestido de papel de parafina.
Uma visita elucidativa
A cooperativa Provanille, em Bras-Panon, realiza cerca de 80% da produção de baunilha Bourbon. Depois da visita às suas plantações e instalações (ou de produtores privados acessíveis ao público), será difícil resistir à compra de vagens, café ou sabonete com aroma a baunilha…
Uma baunilha irresistível ao paladar
Aromatizar um leite quente, enfeitar um pato ou perfumar um bolo... a baunilha Bourbon está sempre presente à mesa. Segundo o chefe Olivier Roellinger, basta um terço de uma vagem de baunilha de qualidade para um prato para 4 a 6 pessoas. Abre-se a vagem no sentido do comprimento e raspa-se as sementes com a parte de trás de uma faca.
Para mais informações:
Por Charlotte Cabon
Jornalista