Como é que não bebi champanhe na Champagne.

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Vinhas da Champagne ao pôr do sol
© TommL / Istockphoto - Vinhas da Champagne ao pôr do sol

Tempo de leitura: 0 minPublicado em 6 novembro 2017

E se o melhor da viagem fossem os pequenos desvios? Em França, por vezes, é necessário pôr o programa de lado e deixar-se surpreender. Um fim de semana romântico com champanhe é um sonho. Já nos tinham dito: ”Há caves por todo o lado! Sigam a estrada e vão encontrar a primeira ao virar da esquina.” Mas parece que virámos muito cedo.

5ª feira

Programa para o primeiro dia: umas comprinhas no mercado Halles de Boulingrin, símbolo da Art Déco e emblemático de Reims. Depois vamos a Hautvillers para fazer um piquenique romântico no meio da vinha e visitar as caves de Sua Alteza Dom Pérignon. "O mercado tradicional de Boulingrin está aberto três vezes por semana, às quartas (7h-13h), sextas (7h-13h e 16h-20h) e sábados (6h-14h)." Bem, fica para amanhã. Então, o que vamos fazer hoje? A catedral e depois o museu de Arte Moderna? De qualquer maneira, está a começar a chover e um bocadinho de cultura não faz mal a ninguém.

6ª feira

Ah, Dom Pérignon! Visita da abadia e das vinhas, os segredos de produção, prova de grandes vinhos… Já estava com água na boca quando o GPS indicou que tínhamos chegado a Villers-Semeuse. Mas nós queríamos ir a Hautvillers! Tenho fome. Quero champanhe. Estamos perdidos! Oh, uma roulote! Vamos parar! O Philippe, chefe do Bout d’Arden Washo, recebe-nos com uma ementa que me devolve o sorriso. Todas as especialidades têm um nome pouco provável. Escolhi por acaso o "cacasse à cul nu" (a grande especialidade das Ardenas). Ótima escolha! Durante a conversa, descobrimos que existem confrarias sérias, apesar das aparências. Até há a da salada com bacon! Existe uma festa no primeiro fim de semana de maio em Charleville-Mézières. Vamos?

Sábado

Já é o terceiro dia e ainda não vimos uma única bolha. Hoje temos de ir a Hautvillers! Quando estávamos a tomar o pequeno-almoço no hotel, encontrámos outro casal com quem simpatizámos. Eles íam fazer paddle no Lago do Der e, depois, passar o resto do dia a bronzear na praia. "Esperem aí, há praia na Champagne?!" Ainda bem que trouxe o meu fato de banho! De volta ao hotel à noite, recusei o convite para ir beber um copo ao Perching Bar, um bar de champanhe suspenso a 6 metros de altura em plena floresta de Brise Charette. Fica apenas a um quarto de hora de Reims, mas o paddle deixou-me exausta. Vou dormir!

Domingo

Último dia. Marcámos um passeio pela cidade com uma greeter*. A Brigitte está à nossa espera em frente à catedral. Ela mostra-nos como é Reims na sua perspetiva. Apaixonada por história e arquitetura, tem sempre uma piada para nos contar e dá-nos a conhecer locais que não aparecem em nenhum guia. Antes de irmos embora, levou-nos ao Biston, uma pastelaria e fabricante de chocolate, para provarmos uma última doçura. "Não vos proponho uma prova de champanhe, pois acho que não esperaram por mim para isso." Não confessámos que sim…

E pronto! O fim de semana está a chegar ao fim e não bebemos uma única taça de champanhe. Que vergonha! Mas comi uma rolha de chocolate recheada com licor de bagaço de champanhe. Também conta, não?

*Voluntários que acompanham os turistas, de forma grátis, numa visita insólita e personalizada à sua própria cidade. Mostram os locais mais conhecidos, assim como os seus locais preferidos e como vivem o dia-a-dia.

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Por Lisa Azorin

Jornalista-redatora