Há quase 30 anos, o Festival Internacional dos Jardins de Chaumont-sur-Loire mexe com nossos sentidos e com nossa imaginação. Enquanto você se prepara para a próxima edição, porque não fazer um passeio imaginário pelos arquivos desta utopia artística que indaga o futuro do planeta? Poéticos, futuristas ou extravagantes, jardins para pensar, sonhar ou esperar, aqui está uma pequena seleção para vocês.
Paraíso eterno
A eternidade à qual nos referimos aqui não é a do paraíso, como no jardim persa, mas sim a das sacolas de plástico roxas que balançam no meio de uma "selva" vegetal! "Um cultivo ideal que não requer rega nem cuidados e cujas cores seriam garantidas o ano inteiro" parecem sussurrar os autores ao ouvido do público. Junto com isso, um questionamento sobre a onipresença nas nossas paisagens atuais desse material pouquíssimo degradável...
Uma ilha jardim
É fascinante ver os reflexos que aparecem nos espelhos formados pela água. Mas logo depois vem uma pergunta: o que esta árvore solitária está fazendo ali? É "a possibilidade de uma ilha", como no livro do autor francês Michel Houellebecq, ou melhor, de um jardim quando o nível das águas subir e remodelar o espaço…
Um oásis utópico
Uma terra bruta que lembra o aquecimento global e uma vegetação exuberante que evoca sonhos de cidades aéreas. E no meio, um oásis que conecta tecnologia e preservação ambiental. Utópico mesmo?
Tesouros raros
Sonhadores, poetas ou estetas dedicam toda sua energia à construção de obras vegetais surpreendentes. São estes colecionadores com boas mãos para plantas que são homenageados através desta instalação, em que cada um dos "gabinetes de curiosidades vegetais" contém uma palmeira rara como um tesouro…
Um pecado no paraíso?
Reintroduzir o pecado no Jardim do Éden do qual Adão e Eva foram expulsos? Que ideia maluca! No meio dos arbustos, um espelho diferente convida o visitante vaidoso a admirar a sua própria imagem, como se fosse Narciso. Pode-se procurar também sinais por trás das aparências, um jardim escondido no fundo da água ou o reflexo das nuvens. A paisagem está para além do espelho…
Murmúrios suaves
Trinta e cinco vozes masculinas e femininas sussurrando "eu te amo" em 35 línguas diferentes, com fundo sonoro de cantos de pássaros e outros animais. Desse jeito, como não se derreter pelo Jardin d’Amour? Bem como na vida real, é fácil se perder em certa efervescência emocional no meio dos salgueiros vermelhos que se multiplicam infinitamente... A experiência é feita de muitas sensações, pois um jardim também se escuta, principalmente quando ele diz palavras tão doces!
Fora do chão
Uma estrutura vegetal como uma rede de cipós suspensa: esta é a aposta louca de Jean-Philippe Poirée-Ville, que desenvolveu um sistema de cultivos aéreos. Seus silfos formam linhas e curvas que se entrelaçam, oferecendo um contraponto ousado à verticalidade do castelo.
Biodiversidade
Como inspiram prosperidade estes bulbos gigantes que parecem ter acabado de sair do húmus em que estavam... Esta opulência é uma homenagem feita ao trabalho da terra e, além disso, à arte de uma biodiversidade feliz, o futuro do jardim!
Jazz no jardim
Este quadro com tons pastéis e escuros parece um clube de jazz num gramado. Dá pra escutar a voz da Billie Holiday cantando "Body and soul". Uma homenagem à cantora e ao jardim, que curam corpo e alma...
Vermelho esperança
Este oceano coberto de vermelho parece alertar-nos para um perigo iminente. Uma mensagem que tem muito a ver com nossos tempos e na qual pensamos sem perder a esperança como fio condutor: a vida está nestes arbustos, palpitando como um coração!
Por Anne-Claire Delorme
Jornalista de viagens anneclairedelorme@yahoo.fr