Que tal revisitarmos Paris pelas lentes do cinema ?

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Midnight in Paris de Woody Allen.
© Roger Arpajou / 2011 Mediapro, Versátil Cinema, & Gravier Productions - Midnight in Paris de Woody Allen.

Tempo de leitura: 0 minPublicado em 1 junho 2021, atualizado em 17 janeiro 2022

Paris e o cinema: uma história de amor eterna! Sinônimo de glamour e Acolhimento para quem filma, a Cidade Luz é um lugar privilegiado para os cineastas. Do topo da Torre Eiffel à beira do Sena, venha dar um passeio por alguns de seus lugares favoritos!

Em 28 de dezembro de 1895, os irmãos Louis e Auguste Lumière organizaram a primeira projeção pública de seu Cinematógrafo no Salon indien do Grand Café, no Boulevard des Capucines. Desde esse dia, a paixão entre cinema e Paris nunca mais se apagou. O cinema ama Paris, assim como Paris ama o cinema: peças publicitárias, produções televisivas e, principalmente, curtas e longas-metragens. São quase dez filmagens por dia na cidade! Conheça alguns lugares emblemáticos e enquadramentos imponentes que chamam a atenção de câmeras de todo o mundo.

A indispensável Torre Eiffel

Começamos com O símbolo-mor da capital, verdadeiro totem para todo produtor que sonha em ter seu filme rodado em Paris. A torre é tão popular no mundo todo, que é possível vê-la de perto ou de longe em um número incalculável de cartazes: (“O balão vermelho”, “O último metrô”, “A lenda do tesouro perdido”, “Ratatouille”, “Amores parisienses”...). Mas é nas telas que ela aparece ainda mais, ocupando um verdadeiro protagonismo em filmes como “Mistério na Torre Eiffel”, “À l’assaut de la Tour Eiffel” (sem tradução) ou “O homem da Torre Eiffel” e deixando uma marca considerável em filmes de maior bilheteria. É o caso de Roger Moore subindo suas escadas à procura de Grace Jones em “007 - Na mira dos assassinos”, Mimi-Siku escalando sua estrutura em “Um índio na cidade” ou ainda Jackie Chan e Chris Tucker na cena de luta no restaurante Jules Verne em “A Hora do Rush 3”.

Se alguns cineastas tratam a torre com o carinho que ela merece, outros adoram vê-la aos pedaços. Em “Independence Day”, “Armageddon”, “A corrida do século” ou “Marte Ataca”, é possível vê-la sendo reduzida a pó por meteoros, bolas de canhão ou raio-laser. Realmente, seria uma pena!

Champs-Elysées, como diz a canção, sob sol ou chuva

O Arco do Triunfo é outro lugar emblemático para se rodar um filme ou uma cena em Paris. Não surpreende que a avenida Champs-Elysées e sua perspectiva magnífica apareçam tão frequentemente nas telas do cinema. Mas se seria impossível listar aqui todos os filmes em que o monumento famoso serve de palco, basta pensar em uma única cena clássica: a de Jean Seberg subindo a Champs-Elysées para distribuir o New York Herald Tribune em “Acossado”.

O tour dos bares

Ah, um pequeno bistrô parisiense...o cinema adora seu jeito vintage, com o balcão de zinco, os espelhos biselados, as toalhas de mesa xadrez e as cadeiras de vime esperando o sol bater. Variações dessas cenas aparecem em filmes como “Paris” (no café Folies - Rua Belleville, 8), “Agente 117: Uma aventura no Cairo” (Albergue Pyrénées Cévennes - Rua La Folie-Méricourt, 106) ou “O fabuloso destino de Amélie Poulain” (Café des deux moulins - Rua Lepic, 15). Mas o prêmio vai para o Bistrot La Renaissance (Rua Championnet, 112), verdadeira estrela dos cineastas que o utilizaram em produções tão diversas, como “A vida do próximo”, “Golpe de tiras” e “Bastardos inglórios”, de Quentin Tarantino.

O grande restaurante

Em Paris, ao que parece, se come muito bem. Tão bem que os grandes restaurantes parisienses aparecem frequentemente nas lentes das câmeras, seja numa versão glamourosa como no Lapérouse (onde Serge encontra Jane em “Gainsbourg - O homem que amava as mulheres”) ou numa versão mais “vidros e brilhantes” como no La grande cascade (onde Deneuve espera pacientemente em “A bela da tarde”). Estes grandes restaurantes parisienses também inspiram os desenhos animados. O famoso Chez Gusteau de “Ratatouille” é uma réplica bem detalhada do lendário restaurante La Tour d’argent, com vista sobre a ponte la Tournelle. Mas quando uma equipe de produção opta por filmar em um grande restaurante parisiense, é às vezes para colocá-lo de ponta cabeça. A prova: em “Nikita”, Anne Parillaud prefere destruir a cozinha do famoso Le Train Bleu a dar tranquilamente o último gole de sua taça de champanhe.

Icônico Montmartre

Montmartre e o cinema, uma velha história. De “O assassino mora no 21” a “Os incompreendidos”, passando por “French cancan”, o bairro acolheu a produção de grandes clássicos do cinema francês. Uma tradição que perdura ainda hoje. O perfume de Montmartre invade “O fabuloso destino de Amélie-Poulain”, da feira até os pequenos vinhedos da Rua Saint-Vincent, passando pela praça Willette, ao pé da Sacré-Cœur. E quando a câmera não está exatamente filmando em Montmartre, é Montmartre que está sendo filmada. Em “Um americano em Paris” e “Moulin Rouge” é possível ver diversas cenas tendo como cenário um Montmartre tão reconstituído quanto colorido.

Romance à beira do Sena

O que é mais romântico que um passeio noturno com esse cenário? Basta olhar Marion Cotillard e Owen Wilson deambulando à beira do Sena- os famosos Quais - em “Meia-noite em Paris”... Mas esses cenários às vezes são explorados com outros objetivos, menos amorosos, como quando Leonardo di Caprio caminha debaixo da ponte de Bir-Hakeim em “Inception” ou quando Matt Damon está na ponte Neuf em “Identidade Bourne”. As cenas não terminam exatamente em flores…. De toda forma, os caminhos do Sena são um belo quadro para uma história de amor. Entre as inúmeras provas disso, temos um carinho especial pelo passeio de Cary Grant e Audrey Hepburn à beira do Sena em “Charada” (1963). Curioso, aliás, é pensar que no mesmo cenário parisiense Audrey Hepburn seduziria meses depois William Holden em “Quando Paris alucina” e Peter O’Toole em “Como roubar um milhão de dólares”. Mas enfim, como ela mesma diz: “Paris is always a good idea”...

Por Julien Hirsinger

Jornalista.